Percy Jackson e o Ladrão de Raios (filme)




Percy Jackson e o Ladrão de Raios é o primeiro livro da série "Percy Jackson e os Olimpianos", que narra a história de adolescentes filhos dos deuses da mitologia grega.

É uma ideia bastante interessante, de fato. Tão interessante que muito provavelmente inspirou muitos elementos da Mulher Maravilha dos Novos 52.

Antes de mais nada, sim. Eu li o livro. E gostei. Não acho que seja ESPETACULAR, mas sim, é bem divertido. Tem uma ideia interessante e que eu juro, ainda não sei como não adaptaram pra um jogo online.
Mas enfim, falemos do filme, que pra muitos é "8 ou 80".





A história começa no mundo atual, onde os deuses gregos convivem com os humanos e tem filhos com eles, como nas histórias. Zeus tem o seu Raio Mestre roubado e suspeita de Percy Jackson, filho de Poseidon, um rapaz com déficit de atenção e que adora ficar na água. Isso porque os 3 grandes deuses (Zeus, Poseidon e Hades) são proibidos de terem filhos, ou de se encontrar com eles, caso tenham.



Percy então descobre que é filho de Poseidon ao ser atacado e levado ao Acampamento Meio-Sangue, onde os filhos dos deuses treinam para serem heróis.
Ao descobrir a novela mexicana em que se meteu, Percy irá até ao submundo com seu amigo e protetor, Grover, e sua nova amiga Annabeth para provar sua inocência e salvar a vida de sua mãe.



O desenrolar da história é sim, bastante previsível, mas não quer dizer que não seja divertido de se assistir. De fato, há algo de divertido em ver como esses elementos conhecidos vão aparecer. No entanto, é uma faca de dois gumes: ou pode ser algo genial e que só com um certo matutar pode-se notar o que é, ou pode ser simplesmente ridículo e fácil.

No caso desse filme, é algo intermediário. Não é necessariamente engraçado, mas também não é necessariamente ridículo.

Esse é um filme que me foi apresentado como "péssima adaptação" e "filme bom só pra quem não leu o livro". E após ver... Não foi isso que eu encontrei.



Sim, eles mudaram bastante coisa. Porque é uma adaptação, mudanças tem que ser feitas, por menores que sejam. Basta ver os filmes baseados em histórias em quadrinhos.

As adaptações feitas aqui existem pra poupar tempo. Colocar Clarisse e Ares ia tomar mais tempo de explicações e desenvolvimento de personagens e provavelmente iria ficar difícil de trabalhar com tanto personagem (como um certo filme de super-herói quase fica).



E sim, visto também que o filme visava agradar também aos leigos em relação aos livros, os deuses usam típicas roupas gregas (exceto fora do Olimpo), o que de fato faz sentido e não contradiz a história, uma vez que fora do Olimpo eles se vestem como gente comum.
...entretanto. Algumas coisas ficaram de fora e que mereciam ser explicadas melhor.



Por exemplo, o portal pro Monte Olimpo fica no Empire State, nos EUA. No livro nos é explicado que de  tempos em tempos a capital dos deuses muda de acordo com a era e etc., mas... Aqui é meio "...é, Empire State Building. Não reclame e bora entregar esse raio."

A regra dos 3 deuses maiores não terem filhos também é algo não muito explicado. Pelo que o filme dá a entender, os 3 maiores não podem ter contato com seus filhos. Ou seja, eles podem ter filhos à vontade. O que pode entrar em contradição com o fato de Poseidon ser bem apegado a Percy, ajudando-o e etc. Ora, se dissesse que eles são proibidos, faria sentido o Percy ter um valor muito maior pra Poseidon, já que ele seria o "único" filho dele.



Outro buraco no roteiro é a falta de necessidade do Grover usar muletas. Teoricamente, faz parte do disfarce dele (já que ele tem as pernas de bode), mas quando ele anda sem elas e de calças, ele não parece ter problemas. Então... Pra que?

Quando eu li o livro, não consegui simpatizar com nenhum personagem. É sério. Exceto Luke, porque ele parecia o tipo de vilão que faz as maldades e se diverte com isso (como já foi mencionado aqui), e no filme... Talvez eu consiga sentir algo por alguns. Menos o Luke. Ou Percy, o protagonista e título da série.



Isso se deve à atuação fraquíssima. Percy entra e sai de cena, e eu não consigo me lembrar sequer o rosto dele. Talvez a produção quisesse fazer dele um garoto normal, mas... Talvez ele tenha ficado normal demais. A atuação dele é desprovida de emoção (assim como a de Luke) praticamente todo o tempo, ao contrário de Annabeth que pelo menos parece se esforçar pra se importar com algo... às vezes.



Oh, bem. Tem o Grover, o sátiro protetor e melhor amigo de Percy, que é... o engraçadinho da turma. Graças a... Zeus... Ele não é engraçadinho o tempo todo, e na verdade, faz até um bom papel sendo apenas extrovertido, e sabe quando o momento pede seriedade (embora as pernas de CG continuem sendo incômodas visualmente, assim como algumas CGs).

E sim, os deuses atuam bem, mas porque eles não tem muito o que fazer, mas o que eles fazem, eles fazem bem.
E... Tem o Pierce Brosnan (que atua no modo "tou aqui pra pagar umas dívidas") como Quíron, que nos apresenta outro problema do filme...



...os diálogos.
...é. Não é algo constante, mas... Tem umas falas que... Meu Deus...



...ENFIM

Resumindo, não sei pra que tanta reclamação se o filme "não foi fiel ao livro". É claro que ele foi fiel. Quando se  trata de uma adaptação, é óbvio que algumas coisas vão funcionar em algumas mídias e outras não. Por isso as roupas dos X-Men são pretas e não carnavalescas, por isso a mitologia dos mutantesfoi simplificada, por isso que as cenas mais violentas de The Wonderful Wizard of Oz foram totalmente removidas, porque o público não entenderia, não serviria ao propósito do filme, ou simplesmente pareceria deslocado.



Mogli da Disney é COMPLETAMENTE diferente do Livro da Selva. Tanto é que Walt Disney quando chegou na sala de reuniões, perguntou se alguém havia lido o livro, porque iria fazer algo totalmente diferente. Quer dizer que o filme não funcionaria se fosse igual ao livro? Claro que não, mas não serviria pros propósitos dele. Ele contou uma história com base no livro, ninguém reclama até hoje e continua sendo um bom filme.
Agora, The Cat in the Hat (2003) é COMPLETAMENTE diferente do livro, e NEM ME LEMBREM DESSA ABOMINAÇÃO QUE EU ME RECUSO A CHAMAR DE "FILME".
...
...*caham*



Em resumo, é um bom filme. Não é espetacular, mas também não é ruim. É uma aventura básica, segura de vender, e uma boa pedida pra uma Sessão da Tarde. Tem bons momentos, com boas imagens, e um certo ar de épico.