Princesa Kilala




A marca Princesas Disney é um interessante objeto de estudo. Basicamente, pegou-se as principais protagonistas dos filmes clássicos da Disney e juntou todas pra vender brinquedos e outros produtos.
Não que eles sempre tenham algo a ver com os filmes de origem, mas "quem se importa? são só crianças, elas são idiotas, não vão notar e os pais vão comprar do mesmo jeito".

...futuramente eu vou entrar em mais detalhes nessa mentalidade.

De qualquer forma, a jogada da Disney hoje parece ser focar muito nessa marca, Frozen e Princesinha Sofia provam isso, e Moana está em produção.
Mas quem pode culpá-los? A fórmula funciona, financeira e artisticamente, como a História tem provado.

E um belo dia alguém achou que seria uma boa ideia trazer essa fórmula pro Japão e ver no que dava.
E assim nasceu Kilala Princess.



A história narra a vida de Kilala, uma estudante que sonha em se tornar uma princesa como as princesas da Disney, que ela vive lendo.
Até que um dia, um príncipe chamado Rei (yeah, yeah, faça sua piada agora) aparece com uma coroa mágica procurando uma princesa de uma profecia que ajudaria o reino dele a se reerguer.

A tal coroa então começa a liberar portais para os mundos das Princesas Disney, onde eles terão que ajudar elas a resolver os problemas, e aprender algo com elas.


O plot é beeem básico, e o título entrega um spoiler, mas, por incrível que pareça, a história tem muito mais.
À medida que conhecemos Rei e sua história, descobrimos sobre uma treta política no país, que foi praticamente devastado. E enquanto isso acontece, de fato pode-se notar uma tentativa de ser mais do que "guria japonesa conhece as Princesas Disney e toma chá com elas".

O desenrolar da história é praticamente um Mahou Shoujo, com alguns típicos clichês do gênero. Mas pegando emprestado elementos de Kingdom Hearts e Princesinha Sofia.
...eu nunca achei que fosse dizer isso na minha vida.


Até mesmo o clímax da história tem vários elementos que lembram séries como Sailor Moon e Friendship is Magic. O que não é necessariamente ruim, já que os personagens são identificáveis o suficiente pra que o público torça por eles.


Parte da identificação vem das relações com as Princesas, claro. Aos poucos, Kilala vai amadurecendo mais, à medida que aprende com as personagens como ser uma princesa.
Que Kingdom Hearts também faz.



Os capítulos basicamente focam muito nos mundos das Princesas, em Kilala e Rei tentando resolver os problemas ali. E é algo divertido, especialmente porque, ao contrário de Kingdom Hearts, Kilala já conhece esses personagens, ama eles, e tem uma noção de como resolver, embora nem sempre seja fácil.
E claro, tem os acessos de fangirlism que todos nós teríamos ao encontrar a Ariel.

...
Eu teria.
...apertar aquelas bochechas até virarem maracujás enrugados.
...
...*caham*

E assim como Kingdom Hearts, a história foca bastante nos mundos, mas ao mesmo tempo tenta (e consegue) andar com as próprias pernas.
Ainda assim, algumas coisas ficaram meio esquecidas durante a produção, aparentemente. Como a melhor amiga da Kilala que de um certo ponto pra lá simplesmente desaparece da história; ou o subplot da mãe doente que termina inacabado, e que poderia ter sido mostrados tranquilamente no último capítulo.


A arte é muito boa. Ainda tem aquele feeling inicial meio estranho de ver designs típicos japoneses lado a lado com designs da Disney, Felizmente, a tradução dos designs dentro do estilo gráfico é bem estudado e executado, não causando tanta estranheza.
Ainda assim, em alguns momentos os olhos da Kilala parecem exagerada e desnecessariamente grandes demais. Não é sempre, claro, mas existem momentos que se torna meio distrativo.


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No entanto, nem tudo é um mar de rosas. A edição da Abril é meio descuidada na parte gráfica. Enquanto eu procurava o volume 5 pra comprar, eu achei um volume cuja primeira página não só estava dobrada na diagonal, mas a outra metade tava colada dentro do lombo, sendo impossível de tirar sem rasgar.

O meu volume 2 é meu volume bipolar. Em alguns momentos o tom de preto é muito forte, o que faz com que a tinta apareça como "fantasma" no verso da página, e em outros momentos é muito fraco.


Mas o pior mesmo foi o primeiro volume, que veio com falta de cola no lombo e veio com aproximadamente 70 páginas sem cola. Lembrando que o lombo tem cola e um fio pra costurar as páginas, então, sem cola, as páginas foram se destacando do lombo.


Setenta. Páginas.

Mas isso de lado, é uma excelente série. Personagens identificáveis, uma história-base interessante e com alma própria, boa tradução dos personagens clássicos da Disney.

E mais, é interessante notar que a Kilala lia as histórias das Princesas, e ao encontrar elas, ela aprende coisas, ela amadurece. O que é uma analogia bastante interessante e que foi uma oportunidade de ouro pra mostrar isso (já que Kingdom Hearts não se aproxima da Disney com o mesmo conceito).

Recomendado analisar bem os volumes que forem comprar, pra não terem os problemas de gráfica que eu tive. De resto, é uma excelente história pra passar o tempo em companhias conhecidas e novas.

Imagem bônus porque Ariel chibi.