[Mês do Dr. Seuss] In Search of Dr. Seuss



Dr. Seuss é um autor e ilustrador de livros infantis, muito conhecido nos EUA, onde 90% da população atual (eu chuto) deve ter aprendido a ler com os livros dele. Quase o Monteiro Lobato de lá.
Eu já o mencionei aqui em outras ocasiões, mas, uma vez que ele nasceu em 2 de Março e Março é considerado o Mês da Leitura por lá, eu decidi fazer mais um mês temático, com 4 resenhas relacionadas a Dr. Seuss.


E que forma melhor de começar do que com o filme que explora um pouco da vida e obra do próprio Doutor, In Search of Dr. Seuss.




O filme segue as investigações de uma repórter (interpretada como Kathy Najimy, que vocês lembram de Hocus Pocus e daquela bomba de merda) sobre a vida e obra de Dr. Seuss. Ela encontra o Cat in the Hat (interpretado por Matt Frewer, conhecido pelos papéis de Max Headroom e Pânico, de Hércules), que começa a mostrá-la um pouco sobre o autor.

O que se segue são explicações sobre a biografia de Seuss, narradas pelo Gato e também por outros personagens de seus livros. Sobre a infância onde ele já percebia como a criatividade era sufocada pelos adultos; da paixão pela leitura incentivada pela mãe; da paixão pelos desenhos (e como os professores queriam que ele desenhasse realisticamente, de novo sufocando a imaginação); criando pouco a pouco a filosofia de vida e de arte do Doutor.



Entre um cenário e outro (que representam alguns períodos da vida de Seuss, ou remetem à arte dos livros), há uma leitura dos livros, acompanhada de animações vindas dos especiais, stop motion, ou reinterpretações estranhas em forma de música.

Não, sério, Yertle the Turtle é cantado como aquelas igrejas de comunidades negras e Green Eggs with Ham recebe uma roupagem surrealista que de alguma forma, funciona.
Ainda assim é melhor que as atualizações dos filmes recentes. É estranho, mas é legitimamente bom e divertido.



O filme ainda tem participações especiais de Patrick Stewart, Christopher Lloyd, e Robin Williams, lendo The Cat in the Hat e... é quando tu começa a notar as falhas do filme como um todo.
É uma interpretação divertida, dinâmica (até porque ele tá lendo pra duas crianças), e a edição é maravilhosa, mas depois de um tempo passa a ficar cansativa.



O filme como um todo tem MUITA falta de foco, e isso pode chegar a atrapalhar. Ele tem excelentes informações sobre a história do Doutor, mas o vai-e-vem entre as histórias e a história de vida acaba criando uma narrativa meio esquizofrênica. Ainda mais com os personagens que contam pedaços da história dele, que podem acabar sendo irritantes justamente por essa falta de foco (como o casal da propaganda).




Mas enquanto o roteiro acaba tendo essa confusão de leve, o design de produção é FANTÁSTICO. Os sets e figurino são feitos baseados nos desenhos dos livros, e a equipe de produção conseguiu dar o ar cartunesco e característico do Doutor em tudo, e o resultado é espetacular.

O filme não se aprofunda demais na vida do Doutor (como por exemplo, o câncer e dor emocional que afetara sua esposa Helen, devido ao caso do Doutor com Audrey, que levou Helen ao suicídio. Mais tarde, Audrey seria a segunda esposa do Doutor), até porque ele não busca ser um documentário completo, mas sim uma maneira mais... lúdica de contar a história de vida de Seuss. Mas ele conta sobre os anos das Grandes Guerras, as charges políticas, e como ele virou escritor aos poucos e de onde tirava inspiração.



Eu pessoalmente recomendaria pra já iniciados em Dr. Seuss, que querem saber um pouco mais sobre o cara. Eu creio que não-iniciados ficariam um pouco confusos com a falta de cronologia das informações, e desinteressados devido à narrativa bipolar.


Ainda assim, é uma interessante carta de amor à vida e obra de Dr. Seuss.





Fiquem ligados na semana que vem, onde veremos um dos desenhos animados originais do Doutor.