Marte Precisa de Mães


Marte Precisa de Mães.

Siga seus instintos, não é tão difícil. Você SENTE que o filme é uma merda.

Parece aqueles filmes sci-fi B de baixo orçamento, como Mars Needs Woman e Papai Noel Conquista os Marcianos. A diferença é que esses filmes conseguem ser engraçados de tão ruins. Exceto Mars Needs Woman porque eu nunca tinha ouvido falar até agora.

Mas esse filme não é só ruim, é CHATO. O quão chato? Urgh... Ok, então vem comigo, por sua conta e risco.




A história começa quando marcianas começam a vasculhar a Terra em busca de boas mães, e encontram a mãe de Milo cujo nome eu não me importo e provavelmente você também não. As marcianas notam que Milo obedece sua mãe, mas as coisas não vão muito bem em casa, já que o pai de Milo se atrasa de novo pra assistir um filme novo e a mãe o obriga a comer brócolis. E por causa disso, Milo diz que nunca queria ter tido uma mãe.

Só aí já tem uma pancada de problema, mas uma vez de cada coisa.

As marcianas raptam a mãe de Milo, que acaba pegando carona na nave e acabando no planeta comunista, onde encontra Gribble, um humano que o ajudará a resgatar sua mãe; e Ki, uma marciana que ajuda Milo porque... Motivos.



A animação em si não é tão ruim como eu esperava. Digo sim, ainda é incrivelmente estranha, mas ao menos as texturas são um pouco melhores, os personagens interagem bem com o ambiente (exceto entre si), e até a direção dos atores não ficou tão forçada como em outras produções da IMD.

E é aqui que os elogios ao filme param, porque a tempestade de merda é grande.


Literalmente a primeira cena do filme já nos dá um problema que o próprio filme admite ter mais na frente: o que as marcianas só querem as mães boas, cujos filhos não são mimados e obedecem a elas. Na prática pode ser até diferente, como vemos Milo ser incrivelmente desobediente e até cruel, mas o ponto é: as mães cujos filhos são obedientes são raptadas pra terem sua mente transferida a robôs-babás porque as marcianas baniram os marcianos machos porque eles não faziam merda nenhuma. Logo, a mensagem é "crianças, não obedeçam suas mães, ou aliens podem raptar elas".


Mas ok, a mãe de Milo o irrita a ponto de fazer ele dizer coisas cruéis. A esse ponto, todos os dois estão errados, mas Milo até que se arrepende e vai pedir perdão pra mãe. Mas ainda assim, não é o suficiente pra que nos interessemos nele ou mesmo na sua mãe, que são tão interessantes e profundos quanto... Quer saber? Dane-se a piada, são dois personagens que não oferecem nenhuma característica interessante ou que valha a pena torcer, nem vale a pena desperdiçar uma piada aqui.

Depois que Milo chega em Marte, tu sente um misto de maravilhamento e decepção. Maravilhamento porque, à primeira vista, tem uns designs interessantes. Mas quanto mais tempo tu passa nesse mundo, tu se decepciona porque... É só isso. E tu já viu isso em outros filmes, como Tron ou Matrix. Uma sociedade opressora governada por uma líder que esconde a verdade? Onde será que eu já vi isso?

E não ajuda em nada o filme ter momentos legitimament perturbadores. Gribble teve a mãe sequestrada e narra em detalhes como ele entrou clandestino na nave e viu a mãe ser desintegrada diante dos seus olhos. É uma história legitimamente emocionante e dentro do contexto do filme (tirando a moral confusa), e o ator e os animadores conseguiram chegar num ponto bom na atuação do personagem. Tu sente a dor dele, o peso na voz, as lágrimas nos olhos.

O problema é que o filme não tem um foco.



Ele tenta fazer uma referência a filme B galhofa de sci-fi, mas ao mesmo tempo ele tem esses momentos sombrios. E a narrativa dele é um belo exemplo de como não contar uma história.

Não há uma sensação de progressão: Milo chega em marte, foge pro lixão onde encontra Gribble, se infiltra na base, volta pro lixão pra então voltar pra basESSA HISTÓRIA NÃO VAI A LUGAR ALGUM!
Em TANTOS sentidos!


É como se tu tivesse assistindo um gameplay de um jogo ruim. Não, sério! A função do Milo é basicamente dizer o que tá acontecendo de uma forma irritantemente óbvia! E quando não o faz, não consegue expressar sentimentos, ou ao menos sentimentos identificáveis. Ele descreve a mãe dele como "aquela pessoa que limpa a casa, me alimenta, me dá bronca, e me ama". Aos poucos tu nota que o filme tenta dar uma evolução pra ele, mas a essa altura tu já perdeu o interesse, e nem o sacrifício da mãe é sentido.

EU CONSIGO ENXERGAR
E é um mundo incrivelmente paia, aliás.

Esse filme é tão ruim que eu tou desde sábado tentando achar algo pra falar dele, mas é muito difícil quando ele é ridiculamente esquecível. E olha que eu já vi filmes esquecíveis como Super Inframan e Mighty Peking Man. Mas ao menos esses filmes tentavam fazer algo, tentavam contar uma história, e acabavam de um jeito ou de outro sendo tão ruim que eram engraçados.

Raios, até Chicken Little era melhor que isso! Ele tinha uma cidade incrivelmente babaca e mesquinha, mas ao menos tinha designs criativos, uma narrativa mais sólida, personagens mais cativantes, 3D tentando ser slapstick e funcionando. O pessoal ser incrivelmente babaca era uma tentativa de tornar Chicken Little e sua determinação mais heróica, mais valorosa. Falhou miseravelmente, mas ao menos tentou.


PRESS A

E o quão ruim foi esse filme? Bom, a IMD foi absorvida pelo estúdio maior, Image Movers, a Disney cancelou o contrato, bem como a produção em andamento de 4 filmes, incluindo um remake de Yellow Submarine, uma sequência de Roger Rabbit, e uma adaptação do Quebra Nozes.

Pois é! Esse filme conseguiu fechar um estúdio, bem dizer.


Eu queria lançar essa resenha como especial de Dia das Mães, mas a essa altura nem vale mais a pena. Se quer um filme que fale bem sobre o papel de mãe, de uma forma mais eficaz, lúdica, e divertida, vai ver O Segredo de NIMH.

Essa resenha tá sem foco, sem revisão, e monótona? Bem, o filme é sem foco, com um roteiro em estágio embrionário, e incrivelmente monótono.
Agora você teve um condensado da experiência do filme sem ter que necessariamente assistir.
De nada.