Star Wars: Episódio VIII - Os Últimos Jedi


E mais uma vez chega Dezembro, com a nova tradição anual de ter um filme de Tauó nessa época onde as pessoas tão correndo pra lá e pra cá com caixas de presentes enquanto tentam decidir se dão um presente bacana de amigo secreto ou resolvem zoar logo e dar um conjunto de colheres furadas praquele cara chato que tirou.

Enfim, ano passado tivemos a decepção que foi Rouge One, que embora seja visualmente legalzinho, não tem o desenvolvimento que deveria ter. Mas agora não tamo lidando com um spin-off, um Universo Expandido, mas sim um filme do canon que por mais que 0,3% dos fãs mais retardados não queiram aceitar, não vai ser jogado fora.


Seu bando de miolo de pote.

Enfim, vejamos se Tauó Livreto 8: Os Últimos Jegue vale a pena.

E sim, esse artigo leva o selo Weesa Free From Spoilers.





A história começa exatamente onde terminou Tauó 7: Acorda pra Cuspir, com Reyanami entregando o sabre pra Lucas Andarilho-Do-Céu. Eles começam uma treta vai-e-vem pro Lucas treinar a Rey pra ajudar a Resistência porque é um momento crítico onde eles precisam de heróis. Mas Lucas não consegue se perdoar por erros do passado e diz que é impossível treinar a guria. Rey o consola dizendo que não tinha como ele saber exatamente o que era Rapsittie Street Kids, e que ele precisava pagar as contas.

Enquanto isso, Pão Demeraran tenta salvar a última nave com os Resistentes, tendo que enfrentar a autoridade daquela tua tia que se acha moderna e jovem só porque pinta o cabelo. Pão manda Fininho e a chinesinha mais fofuxa que eu já vi na minha vida (Rosinha) pra ir atrás de um cara que poderia ajudar eles a se infiltrar na nave da Primeira Ordem e ter mais uma vitória pro lado da luz.


Eu juro que vou tentar o máximo possível spoilers aqui. Pra spoiler total eu vou ver se faço um podcast com mais gente, porque realmente há MUITA coisa a ser debatida.

É um filme com cortes rápidos, acontece muita coisa; várias perguntas são respondidas, criam-se outras perguntas, e algumas ficam em regime semi-aberto. Mas ao mesmo tempo que acontece muita coisa, a história em si não tem aquele sentimento em que REALMENTE acontece muita coisa.


Descobrimos mais os motivos de Lucas se exilar na Nova Zelândia, que fim levou a Academia Jegue, porque Caio René não quis seguir o lado luminoso da Força, e até temos um fechamento incrivelmente satisfatório do arco pessoal de Fininho.

Mas a história em si não é grandiosa, é basicamente o treinamento de Rey, essa missão secreta, e os Resistentes fugindo da Primeira Ordem.

O que brilha no filme é a narrativa.


Não entendam errado, é um filme com falhas, algumas imensas, outras mal explicadas, outras... meio galhofa, e outras que davam pra ter sido melhor narradas de outra forma, sem perder essência da idéia. O próprio Marcos Presuntil disse pro diretor que discordava fundamentalmente com todas as decisões que ele tomou pro seu personagem, mas que iria dar o melhor de si pra fazer isso funcionar.

E funciona, mesmo Lucas agindo muito diferente do que esperamos, Marcos entrega uma performance um tanto quanto parecida com a de Obi-Wan de Alec Guiness, ou o Mestre Yoda. Só que com um toque de Ebenezer Scrooge.

Porque é Dezembro e tal.


E mesmo assim, eu não creio que todas as decisões sobre o personagem tenham sido ruins. O cara fez uma merda gigantesca, a ponto de duvidar da própria capacidade e pra se proteger e proteger os outros, se isolou e se tornou um velho resmungão e rabugento. É óbvio que ele não é o mesmo Lucas que conhecemos nos outros filmes ou mesmo no Universo Expandido. Até porque praticamente todo o Universo Expandido foi jogado no saco (o que foi ótimo, algum dia eu volto pra esse tópico).


Há também novas formas de usar a Força, quase como se ela própria tivesse evoluindo, se mostrando diferente pra uma nova geração, o que é interessante, já que os filmes dessa nova fase tentam ir pra novos níveis. Rouge One teve a batalha espacial que foi praticamente a única coisa que se salvou naquele filme, e esse faz algo... similar.

Sem spoilers aqui. Vocês vão amar, provavelmente.


Se eu tivesse alguma coisa pra reclamar seria a sequência no planeta cassino. É um planeta que... Meh. É impressionante visualmente, mas ele não parece DE FORMA ALGUMA relacionado a Tauó, parece mais um filme de baixo orçamento querendo fazer uma paródia de Tauó.

Ele mostra gente da alta sociedade e etc, mas é tão... Terráqueo. Quando vimos a cena da cantina no episódio 4 soava como algo familiar, mas ao mesmo tempo era algo novo, estranho. Da mesma forma com o palácio do Jabba, tem referências e origens em cenários bárbaros e medievais, como Conan. Mas ao mesmo tempo é estranho, é diferente, é algo que tu olha e diz "isso é de Tauó".

Até a cantina que parece uma versão espacial do Pop's no Episódio 2, que muitos criticam justamente por ser terráquea demais, eu não consigo me incomodar porque ela também tem algo diferente, estranho, e que de certa forma combina com o contexto e planeta que se localiza.


O planeta cassino tu chega e tá geral de fraque como se fosse o baile à fantasia do James Bond, tem até um maluco que é praticamente o Bruce Campbell em Homem-Aranha 3.

Eu juro! Eu só sei que não foi ele porque o IMDB nega isso. Mas que poderia ser o Bruce Campbell magro fazendo cosplay de Clark Gable, poderia.

Isso diz MUITO do conceito da sequência. E ao contrário da cantina em Episódio 2, é relativamente longa.

Embora tenha muitas falhas, eu sinto que quando o filme acerta, acerta mesmo. A narrativa consegue esconder alguns desses plotholes, e constantemente os personagens são colocados à prova. Seguindo a idéia que George Lucas tinha pra trilogias (onde o primeiro era basicamente uma introdução, o segundo era mais sombrio e o terceiro era mais leve; como na primeira trilogia de Tauó e Indiana Jones), Os Últimos Jegue é bem sombrio, e assim como o episódio 3, tu sente que A Treta Ficou Séria™. Episódio 3 funciona bem por se propor a ser mais denso, e a mostrar o tamanho e seriedade das ações dos personagens. Aqui há algo parecido, mas a história de fundo é mínima. 


Pode até ter sido bom, podemos focar nos personagens sem ter que se preocupar em acompanhar um ou dois subplots que acabariam desnecessários. É um filme onde há mais urgência de ação, mas também uma certa calmaria. Assim como há momentos onde os personagens são desafiados e desafiam a platéia, também há (vários) momentos mais leves e cômicos pra descontrair, funcionando tanto pra tirar aquela tensão do público como pra nos dar uma nuance nova dos personagens.

E é uma das poucas vezes que tu sente aquela repetição de alguns elementos dos outros filmes, mas de uma forma diferente. Como George Lucas costuma dizer, "a história rima". E embora Acorda pra Cuspir fosse uma tentativa do JJ o Jatinho dizer que "ó galera, eu entendo da franquia e eu vou meio que tentar recontar o episódio 4 mas avançando a história". Era um misto de algo conhecido com novidade que... Sim, ocasiona em alguns plotpoints meio mal explicados ou narrados, mas que cumpriu seu dever.

Aqui tu consegue reconhecer vagamente alguns momentos de outros filmes (especificamente, O Império Contra a Vaca), mas de uma forma diferente, que avança a história. A gente tá claramente indo pra frente, mas com alguma semelhança no passado, literalmente como uma rima.


Os Últimos Jegue não é perfeito e tem uma pancada de plothole, e a menos que tu seja um fã querendo ser chato, as falhas talvez não te incomodem muito e tu vai ter um dos filmes mais emocionantes de Tauó. Talvez não o Melhor™ filme da franquia (convenhamos, todos nós sabemos que o melhor filme de Star Wars é Caravana da Coragem), mas é bastante satisfatório.


E eu preciso de uma boneca da Rosinha.